sábado, 6 de novembro de 2010

O EQUILÍBRIO DOS PODERES


A Constituição brasileira prevê o equilíbrio entre as forças do poder constituído, através do mecanismo de divisão dos poderes independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário, conforme descreve o artigo 2o do texto constitucional. São esses preceitos constituintes que fundamentam o princípio da segurança do direito constitucional a todos os brasileiros.

Ocorre, porém, que o desequilíbrio entre os poderes trás riscos a segurança da democracia e à própria Constituição brasileira. É exatamente sobre esse tema que o país precisa despertar sua atenção nesse delicado momento em que vive.

O risco à democracia não se prende a eleição do Executivo Federal, mas aos tentáculos do governo que não param na composição do Supremo Tribunal Federal, poder maior do Judiciário, estendendo-se pela Câmara Federal e pelo Senado, casas que compõem o Congresso Nacional, instância máxima do Legislativo Federal.

Exemplificando, dos 11 Ministros que compõem o Supremo Tribunal Federal, sete dos que estão em exercício foram indicados pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 03/09 e 18/11 de 2012, Cezar Peluso e Ayres Britto completarão, respectivamente, 70 anos e Dilma terá a missão de nomear dois novos ministros que irão fazer parte dos 11 Membros do STF.

Dilma Rousseff foi eleita Presidente do Brasil com 56,05% dos votos apurados, para o período de 2011 a 2014. No próximo ano, uma nova vaga será aberta pela aposentadoria do Ministro Eros Grau. E em substituição ao 11o, que sairá do exercício de suas funções, o STF terá sua composição alterada, o que fará com que o governo tenha maioria absoluta dos Membros do principal órgão do Judiciário brasileiro.

Esse é numero de indicações ao STF realizadas pelos últimos presidentes:

PRESIDENTES CIVIS DA REPÚBLICA QUE NOMEARAM
MINISTROS PARA O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

LUIZ INACIO LULA DA SILVA – nomeou oito Ministros:
Antonio Cezar Peluso - Ministro em exercício atual Presidente
Carlos Alberto Menezes Direito - faleceu em 1 º de Setembro de 2009
Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto - Ministro em Exercício atual vice-Presidente
Cármen Lúcia Antunes Rocha - Ministro em exercício
Enrique Ricardo Lewandowski - Ministro em exercício
Eros Roberto Grau - Ministro em exercício
Joaquim Benedito Barbosa Gomes - Ministro em exercício
José Antonio Dias Toffoli - Ministro em exercício

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO – nomeou três Ministros:
Ellen Gracie Northfleet - Ministro em Exercício
Gilmar Ferreira Mendes - Ministro em Exercício
Nelson Azevedo Jobim

ITAMAR FRANCO – nomeou um Ministro:
Maurício José Corrêa

Fernando Afonso Collor de Mello – nomeou quatro Ministros:
Carlos Mário da Silva Velloso
Ilmar Nascimento Galvão
José Francisco Rezek
Marco Aurélio Mendes de Farias Mello - Ministro em exercício

José Sarney – nomeou cinco Ministros:
Carlos Alberto Madeira
Célio de Oliveira Borja
José Celso de Mello Filho - Ministro em exercício
José Paulo Sepúlveda Pertence
Paulo Brossard de Souza Pinto

REFERÊNCIAS DAS NOMEAÇÕES PRESIDENCIAIS AO STF:

Indicações DE LULA:

Indicações DE FHC:

Indicações DE ITAMAR:

Indicações DE COLLOR:

Indicações DE SARNEY:

Com as alterações previstas para o quadro do Supremo Tribunal Federal, o novo governo terá oito dos onze Ministros em exercício, ou seja, formará 73% dos Membros do STF.

Com a nova composição do Legislativo, na próxima legislatura, o governo terá a maioria esmagadora da Câmara e do Senado. Em 2011, 61% dos 513 Deputados Federais e 68% dos 81 Senadores com mandato formarão a base dos partidos do governo.

O equilíbrio e independência dos Poderes da República certamente estarão comprometidos nos próximos quatro anos. Com tanto poder no Legislativo e no Judiciário, o governo assumido por Dilma Rousseff em 2011 poderá fazer tudo o que julgar necessário para a manutenção das decisões do Executivo. Terá poder para editar Medidas Provisórias, Decretos, Leis Complementares e alterar a Constituição brasileira, convocando uma nova constituinte elegendo a maioria de seus Membros, modificando como bem entender a Carta Magna brasileira.

Será necessário muito equilíbrio para que diante de tanto Poder disponível nas mãos de um governante, o Executivo não ponha em risco a democracia no Brasil.