Num mundo globalizado a velocidade das coisas é muito rápida para que um país possa competir sem o devido preparo. É preciso que os profissionais de todas as áreas sejam altamente treinados, a fim de que estejam em situação de desenvolver a indústria, a qualidade dos produtos e a eficiência dos negócios para que, conseqüentemente se tenha crescimento da economia.
Entretanto, não são apenas esses resultados que se deve esperar numa economia. Afinal, o que mantém a economia de um país e a estabilidade numa sociedade civil é um conjunto de ações que irão desenvolvê-la e manter a instabilidade à distância. Todos esses fatores, ou esse conjunto de ações passarão necessariamente pela educação. Em sua mais completa concepção a palavra educação “Educ (preparo) + Ação (agir)”, que significa preparar o indivíduo, moldando-o para viver em harmonia naquela sociedade, vida a fora.
Compreendendo essa etimologia, torna-se fácil entender o porque de algumas sociedades das mais evoluídas do passado terem entrado em decadência após tantos anos de poder. A ausência de educação naquelas sociedades levaram a seus membros à arrogância, ausência de limites e a liberdade total do exercício do poder, sem a necessária fiscalização do sistema público de administração.
Desde os primórdios da civilização, era muito comum que um grupo evoluísse sua economia destacando-se das demais. Entretanto, todos os países que fizeram o mesmo caminho para gerar crescimento e, que puderam evoluir sua estrutura sem dar a devida atenção para a educação, perderam o seu foco entrando em colapso interno, produzido pela absoluta ausência de limites de seus governantes. A exemplo pode-se citar a Etiópia, o Egito, a Pérsia, Roma antiga, Alemanha de Hitler e recentemente a Rússia.
Destacando-se os casos Russia e Alemanha, o modelo de ensino desses países era fantástico, mas a educação social, o valor ético e o princípio doutrinário adotado era extremamente ditatorial. Sua prepotência muitas vezes fez com que a liberdade de expressão do pensamento fosse punida exemplarmente, para que outros membros da sociedade não seguissem os ideais de liberdade.
Por isso, não há dúvida de que no mundo de hoje as sociedades que quiserem evoluir, com a segurança no futuro de suas estruturas, terão necessariamente que desenvolver a manutenção de uma democracia equilibrada, justa e principalmente educada.
Infelizmente, os conceitos sobre a educação são bem relativos. A exemplo: o conceito da honestidade para um grupo, pode não ser igual ao que outro grupo pense. Quando se fala em melhorar a qualidade da educação, entende-se que a maioria está fora dos parâmetros necessários para o convívio social, dentro da visão de uma determinada classe dominante. Portanto, qualidade de educação para um grupo pode ser ampliar os horizontes da capacidade técnica, do respeito individual e coletivo, enquanto que, para outros pode ser apenas aumentar a capacidade de geração de riqueza individual e coletiva. No caso do Brasil deveríamos seguir o parâmetro constitucional, que poucos têm conhecimento e um número menor ainda de membros da sociedade segue e respeita.
Toda "AÇÃO" indica, tão somente, tanto na teoria como na prática, o agir. Quando no caso da “EDUCAÇÃO”, quem se diz educado para conviver numa determinada sociedade, precisa estar sempre evoluindo, para agir apresentando os parâmetros condizentes com aquela sociedade. Se uma sociedade evoluir seu parâmetro para a concepção de que corromper e ser corrompido seja o comportamento dominante, o indivíduo será educado para ser corrupto. Nesse caso, se uma sociedade passar a permitir que a corrupção seja normal em seu comportamento social, correrá o risco de evoluir parâmetro em que a honestidade de seus indivíduos passe a ser o comportamento de uma pessoa corrupta, pervertendo assim os seus valores coletivos.
A sociedade costuma confundir-se perdendo a verdadeira noção de quem são os responsáveis pela educação. Prefere dizer que os governos impedem que o povo seja alfabetizado e educado. No entanto, se esquece que quem elege os governantes e os legisladores numa sociedade democrata é o próprio povo. Portanto, se esse pensamento é tido como verdadeiro, significa dizer que o povo é seu principal algós, porque é ele que elege quem não valoriza o regime ético educacional que desejaria ter.
Para que a sociedade brasileira possa crescer com segurança, exigindo “EDUCAÇÃO” de qualidade nas escolas, sem os erros históricos que foram cometidos por sociedades anteriores, será necessário que seu próprio povo valorize mais os conceitos de honestidade, desautorizando seus eleitos a cometerem atos desonestos. Exatamente por isso é que numa democracia, como a brasileira, a Constituição prevê eleições periódicas, para que o povo possa ver a conduta de seus eleitos e trocá-los quando não agirem dentro dos parâmetros corretos, quando não cumprirem os preceitos constitucionais, morais e éticos por ela definidos. É o povo quem dispõe de total liberdade para decidir se quer construir uma sociedade que tenha qualidade e educação, ou se está satisfeito em apenas melhorar sua vida financeira, sem se importar com a qualidade e o nível de educação que precisará para sustentar as raízes de seus princípios.
Em nada esses aspectos impedem que a massa e os professores desenvolvam conceitos que alterem os rumos dessa sociedade, ainda um tanto quanto andando no reflexo da Ditatura de 30 anos atrás, age de forma imatura pensando estar construindo um caminho novo, sem que para isso analise os riscos futuros. Como se vê, a responsabilidade da educação não cabe somente ao governo, mas a todos os cidadãos que devem sua cota de responsabilidade nessa empreitada, fundamental para o processo de evolução de uma sociedade ainda muito nova.
Numa sala de aula são necessários apenas professores e alunos, mas num processo de construção educacional é preciso regras, planos, metas e princípios fundamentais. Os professores não têm condições de cumprir regras, planos e princípios, porque estão estrangulados com seus baixos salários e com a ausência de um treinamento adequado, razões pelas quais sequer conseguem cumprir suas metas. As greves promovidas são para reivindicar aumento de salário, nunca para ampliar a qualidade da educação no sistema de ensino.
Nunca vi em toda a minha existência grupos de professores indo ao Congresso Nacional buscando melhor qualidade na educação ou melhorias na rede de ensino, porém, por maiores salários é muito comum. Com isso se vê o governo negociando salários e nenhum projeto para essa área fundamental que seja consistente segue adiante. São em sua maioria simplesmente engavetados. As regras de ensino do país são tão reacionárias que impedem uma criança, super desenvolvida mentalmente para o aprendizado, prestar uma simples prova e passar para um nível mais avançado. O que por várias vezes se vê é o atrofiamento dessa criança por causa da classificação de sua idade. Por essa razão, desenvolvemos poucos pensadores dentro desse sistema de ensino quase medíocre.
Dos alunos que se formam, desde o ensino fundamental ao doutorado, poucos são os que conseguem sair educados. E desse pequeno universo um percentual mínimo consegue se educa por vontade própria, porque dispõem de uma família estruturada e vai para o exterior. Somente assim alguém consegue ultrapassar todos os entraves e ser educado.
Em tempo de democracia é preciso extinguir a ditadura, à indolência e o descaso. Isso só depende de você! Analise e observe a sua volta. Irá perceber que a culpa pela ausência de educação a sua volta não é exclusiva dos governantes. É preciso admitir que, se quiser inserir qualidade de educação no sistema de ensino brasileiro será preciso participar dignamente da vontade de desenvolver essa sociedade justa, gerando menos desigualdade social, educada com princípios honestos, éticos e morais, através do exercício de seu poder de voto de forma mais consciente.
Sydnei Meirelles
Sydnei Meirelles