domingo, 12 de setembro de 2010

É PRECISO ATENÇÃO NAS URNAS

As brigas políticas em tempos eleitorais são sempre as corriqueiras de todos os tempos, em todos os países do mundo. Ao final das eleições tudo não passa de mera discussão e falácia política.

Todo partido político e todo método de conquista eleitoral em busca de votos é baseado em planejamento tático para derrotar o opositor a qualquer preço, não importando o custo político, com a única intenção de manutenção do poder.

É tudo exatamente como denunciou Nicolau Maquiavel, famoso historiador italiano nascido em Florença, em 3 de maio de 1469 e falecido em Florença, 21 de junho de 1527. Foi reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser, e por ter denunciado esse vil comportamento entre os poderosos.

Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente. Desde as primeiras críticas, feitas postumamente por um cardeal inglês, as opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, significa esperteza e astúcia.

De forma sucinta, para que você possa compreender esse fato que ora exponho, Niccolò di Bernardo dei Machiavelli viveu a juventude sob o esplendor político de Florença durante o governo de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes políticos de sua época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra. Depois de servir em Florença durante catorze anos foi afastado e escreveu suas principais obras. Conseguiu também algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto como desejava.

Como renascentista, Maquiavel se utilizou de autores e conceitos da Antiguidade Clássica de maneira nova. Um dos principais autores que o inspirou foi Tito Lívio, além de outros lidos através de traduções latinas, e entre os conceitos apropriados por ele, encontram-se o de virtù e o de fortuna.

Em 7 de novembro de 1512 Maquiavel foi demitido acusado de ser um dos responsáveis por uma política anti-Médici e grande colaborador do governo anterior. Foi multado em mil florins de ouro e proibido de se retirar da Toscana durante um ano.

Para piorar sua situação, no ano seguinte dois jovens, Agostino Capponi e Pietropolo Boscoli, foram presos e acusados de conspirarem contra o governo. Um deles deixou cair, sem querer, uma lista de possíveis adeptos do movimento republicano, entre os quais estava o de Maquiavel que foi preso e torturado. Para sua sorte, com a morte de Júlio II em 21 de fevereiro de 1513 e a eleição de João de Médici, um florentino, como Leão X, todos os suspeitos de conspiração foram anistiados como sinal de regozijo e com eles Maquiavel, depois de passar 22 dias na prisão.

Libertado, seguiu para uma propriedade em Sant'Andrea in Percussina distante sete quilômetros de San Casciano. Foi durante esse ostracismo e inatividade, o qual duraria até sua morte, que ele escreveu suas obras mais conhecidas: "O Príncipe" e os "Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio" (1512-1517). Foi também nesse período que conheceu vários escritores no Jardim Rucellai, círculo de literatos, e se aproxima de Francesco Guicciardini apesar de já conhecê-lo há tempos. Entre os escritos desse período estão o poema Asino d'oro (1517), a peça A Mandrágora (1518), considerada uma obra prima da comédia italiana, e Novella di Belfagor (romance, 1515), além de inúmeros tratados histórico-político, poemas e sua correspondência particular (organizada pelos descendentes) como Dialogo intorno alla nostra língua (1514), Andria (1517), Discorso sopra il riformare lo stato di Firenze (1520), Sommario delle cose della citta di Lucca (1520), Discorso delle cose florentine dopo la morte di Lorenzo (1520), Clizia, comédia em prosa (1525), Frammenti storici (1525) e outros poemas como Sonetti, Canzoni, Ottave, e Canti carnascialeschi.

Com a morte de Lourenço II em 1520, Júlio de Médici assumiu o poder em Florença. Ele via Maquiavel com melhores olhos que seus antecessores e o contratou como historiador da República para escrever uma História de Florença, obra a qual dedicaria os sete últimos anos de sua vida. Nesse mesmo ano, ele estava ocupado escrevendo A Arte da Guerra (1519-1520). E é a partir de uma viagem a trabalho a Lucca que ele escreve a "Vita di Castruccio Castracani da Lucca" (1520).

Após a queda dos Médici em 1527 com a invasão e saque de Roma por tropas espanholas, a República instalou-se novamente na cidade, mas Maquiavel viu mais uma vez suas esperanças de voltar a servir à cidade serem desfeitas, pois havia trabalhado para os Médici e foi tratado com desconfiança pela nova República. Poucos dias depois, ficou doente, sentindo dores intestinais, e morreu obscuramente sendo enterrado no túmulo da família na Igreja de Santa Croce em Florença.

Portanto, caro eleitor, analise a história pelos fatos e não pelo que dizem seus candidatos ou suas propagandas políticas, sabedores de que a intenção de todos eles é a de se perpetuarem no poder. O importante e mais seguro para a sociedade e para o povo é promover o equilíbrio entre as forças no poder, de maneira tal que o governante nunca tenha a maioria, para que suas decisões de fato possam servir de benefício para o povo e não para as suas intenções de poder.

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